Como sabemos, em 2020 assistimos à hiper aceleração da digitalização transversal da economia: em todos os segmentos, em todos os setores de atividade e em todas as dimensões. A cloud, nas suas variadas configurações, desempenhou um papel central nesse processo. Há dois números da IDC que nos mostram isso: o IT spending em cloud corporativa, tanto pública como privada, aumentou 35% em relação a 2019, enquanto os gastos fora da cloud diminuíram 8%.
Em 2021, as organizações estão em pleno processo de aceleração digital (se não estão, deviam). A aproveitar para arrumarem a casa, a tornarem os seus processos operativos mais eficientes, e a encontrarem na tecnologia sofisticada a peça que faltava para incorporar inovação e modelos de negócio mais adaptados a este novo normal, de forma a prevalecerem e a ganharem vantagem competitiva sustentável no mercado.
O futuro da cloud perspetiva-se animador. É esperada uma curva de recuperação económica lenta, mas sustentada, sendo altamente provável que os mesmos princípios se continuem a a aplicar até, pelo menos, ao final de 2022, sendo expectável que continuemos a assistir à adoção de serviços cloud cada vez mais inovadores e em linha com as necessidades do IT, no crescente papel e relevância que este desempenha para o negócio.
Mas a que se deve a elevada taxa de adoção da cloud? Em primeira instância, resulta do facto de a proposta de valor da cloud assentar em modelos as a Service, sendo porventura esta a grande virtude da cloud.
Vejamos:
• Durante a pandemia, os modelos as a Service foram os que melhor responderam às necessidades do mercado: a reinvenção do negócio, novos modelos de negócio adaptados aos novos requisitos da procura, nomeadamente o foco em servir os clientes pelos canais digitais, a rápida incorporação de inovação, o speed-to-market, a aceleração da transição para o trabalho remoto, resiliência, agilidade, escalabilidade, flexibilidade (e outras palavras acabadas em "ade").
• Tudo isto, ao mesmo tempo que se procurava racionalizar a escassez de recursos financeiros, humanos e materiais (por via da redução abrupta no top line e erosão de margens) através de estratégias de investimento optimizadas e de aumento da eficiência operacional.
Em termos de barreiras, não creio que hoje faça muito sentido existirem barreiras à adoção destes modelos, para além das tradicionais de segurança, lock-in, regulatórias, propriedade intelectual ou relativas a políticas transnacionais.
Adicionalmente, pode ainda subsistir resistência à mudança por via da crescente adoção de ambientes híbridos e multicloud. Este fenómeno, sobretudo em organizações com grandes departamentos de IT, pode ampliar questões de ordem quase filosófica, no sentido da refundação do papel do 1T enquanto agente que garante o governance de ecossistemas cada vez mais alargados, heterogéneos e complexos.
Em jeito de resumo, diria que a cloud as a Service está bem e veio definitivamente para ficar. A cloud, nas suas diferentes composições e modelos, é hoje incontornável. Todos os estudos apontam para o crescimento sustentável da penetração dos modelos cloud, com amplo destaque para modelos híbridos e multicloud, sem esquecer as empresas 100% digitais que nascem já com tudo na cloud (all-in-cloud).
A crescente tendência da migração de aplicações para a cloud e a sua exposição como serviços sobre a internet vai continuar, simplesmente porque é uma tendência que está alinhada com as necessidades de mercado: a canalização dos escassos recursos para atividades mais produtivas e projetos de maior valor, a preferência por modelos sem investimento inicial (OpEx vs. CapEx), a otimização de custos operacionais (pela redução da mão de obra especializada e de modelos de licenciamento obsoletos, por exemplo), o acesso rápido à inovação, o speed-to- -market, etc.
Cruzando isto com a proposta de valor da cloud: agilidade, flexibilidade, escalabilidade, pay-as-you-go, etc., percebe-se porque o mercado de IT intensificou esta tendência de massificação de workloads aplicacionais para a cloud e democratizou os modelos de subscrição (as a Service).
Portanto, a oferta Cloud XaaS alinhou com a procura.