A "Transformação Digital" e a "Aceleração Digital" são mais do que buzzwords do sector, são a definição do movimento a que temos assistido nos últimos anos, de forma transversal a todas as organizações e sectores de atividade. Num primeiro momento, a Transformação Digital, o esfoço de transformação do negócio, dos modelos de negócio, das dinâmicas organizacionais, da relação com os clientes, com recurso à tecnologia e foco na eficiência e aumento de competitividade.
Depois, a "aceleração", porque a "transformação" é já uma condição sine qua non para a sobrevivência das organizações e o fator diferenciador passou a ser a velocidade dessa transformação, a capacidade de adaptação e a agilidade na mudança. Um sentido de urgência ainda mais acentuado, dado o contexto que vivemos em 2020. O IT (e o Digital) deixou de ser um "silo" no interior das organizações, focado em questões técnicas, sob responsabilidade dos "profissionais de IT", para passar a estar no "radar" do negócio, da gestão de topo à gestão operacional, do marketing às vendas, no centro da tomada de decisão e influenciando a performance do negócio. A transformação digital impacta diretamente o negócio e isso é cada vez mais claro em qualquer organização.
Os investimentos tecnológicos não são apenas "custo" e impulsionam cada vez mais a criação de valor. O investimento em IT e as prioridades desse investimento devem ter esse driver: impulsionar a criação de valor numa organização. Desta forma, as principais tendências no IT estão cada vez mais orientadas à criação de valor. A necessidade de que o negócio seja cada vez mais ágil e rapidamente adaptável a mudanças drásticas de contexto ou de mercado, despertou as organizações para o Low-Code, que permite desenvolver rapidamente aplicações, reduzindo o time-to-market.
Não chega olhar de forma conservadora para o stack tecnológico empresarial com a mesma sensação de aplicação de tempo e urgência de antes, onde se realizavam projetos com prazos médios de 6 meses ou 1 ano. Hoje, os roadmaps de desenvolvimento medem-se semanas ou mesmo dias. Build fast-Fail Faster é o mote para desenvolver, adaptar, configurar aplicações de negócio, permitindo testar rapidamente fluxos de trabalho e evitando investir meses (e euros) num desenvolvimento que, no final, não responde aos requisitos do negócio.
Esta necessidade de rápido desenvolvimento obriga também a uma maior exigência na qualidade de entrega das aplicações, o que implicará maior investimento em quality assurance, e na implementação de modelos de Quality Management, com a automação de testes a assumir um papel fundamental. Por outro lado, os Dados, cada vez mais no centro das organizações e dos processos de tomada de decisão, deverão ser um foco do investimento IT.
Atuar sobre os dados que recolhemos de clientes, padrões de consumo, entre outras variáveis, assim como a aposta em modelos de AI e Machine Learning para a construção de modelos preditivos e de forecast são algumas das áreas que mais contribuem para o aumento da competitividade das organizações. São os dados que dão inteligência às organizações e que permitem tomar melhores decisões, com evidentes benefícios para o negócio.
No que toca às interações como cliente, a customer experience é "o" tema. Seja como recurso a chatbots que simplificam a pesquisa e a prestação de informação ou a resolução de algumas questões. Seja a aposta em tecnologia associada à autenticação, validação, assinatura digital ou certificação de documentos, que permite simplificar todos os processos burocráticos e de formalização contratual, por exemplo, ou ainda, com recurso a tecnologia para potenciar a experiência do consumidor e as suas interações com a marca, através de ferramentas que permitem caracterizar perfis de consumo, programar e comunicar de forma diferenciada e automatizada com clientes e potenciais clientes.
Toda esta aceleração e transformação coloca também desafios ao nível da resiliência da infraestrutura IT. A sua correta adequação, com recurso à cloud e a modelos de hybrid cloud, são também investimentos que não podem ser descurados. Ainda neste contexto, a complexidade crescente do ecossistema tecnológico e esta transformação acelerada, coloca novos desafios de integração e middleware, com a necessidade de integrar todos estes sistemas, garantir uniformidade dos mesmos e assegurar uma comunicação eficiente entre diferentes fontes de dados, plataformas e canais digitais.
Por último, mas nunca em último, a Cibersegurança tem de estar na ordem do dia, consequência do crescimento do número de ataques e ameaças, cada vez mais frequentes e mais sofisticados. As organizações que conseguirem dominar estes aspetos, balanceando o investimento a efetuar com as escolhas tecnológicas adequadas, que lhes permitam alavancar a sua estratégia digital, serão os que mais rapidamente irão recuperar e criar valor.