Por Teresa Lopes Gândara, Human Capital Director da Noesis
Olhando para o percurso da empresa durante os quase dois anos de pandemia que levamos e operando num dos sectores de atividade que menos foi impactado negativamente pela pandemia, podemos dizer que a aceleração digital a que se assistiu, com a necessidade de transformação dos negócios, adaptação às novas formas de trabalhar, entre outros aspetos, obrigaram as organizações a uma rápida evolução no tema da transformação digital, não só para garantir a continuidade da sua operação, mas também para se adaptarem às novas exigências do mercado.
Como olha agora para os tempos de pandemia que temos vivido desde fevereiro de 2020?
A pandemia representou um período de forte disrupção e de desafios acrescidos para as empresas, em diferentes aspetos. Ao nível dos recursos humanos, com a migração massiva das equipas para o teletrabalho, foram tempos especialmente desafiantes. Numa primeira fase, de incerteza e medo, foi necessário acompanhar de perto a evolução da situação pandémica e toda a informação veiculada pelas entidades oficiais, por forma a ajustar procedimentos e informar devidamente todos os colaboradores. O foco foi assegurar a maior segurança e a maior tranquilidade possíveis às equipas.
Passada essa primeira fase, foi necessário implementar novas estratégias de proximidade com as pessoas, em especial durante os períodos de confinamento, mantendo a ligação entre a organização e os seus colaboradores e procurando minimizar os impactos provocados pelo período de isolamento forçado. Não só ao nível da ligação entre a empresa e os seus talentos, mas também ao nível do seu próprio conforto e saúde mental. Atualmente atravessamos uma nova fase e um novo desafio, em que é necessário acomodar os diferentes modelos de trabalho e perspetivar o futuro no pós-pandemia.
Após quase dois anos de teletrabalho e trabalho remoto forçado, que exigiram um grande esforço e adaptação quer ao nível individual, quer das organizações como um todo, é tempo de capitalizar os ensinamentos e as práticas que esta pandemia nos trouxe. Este período veio provar que é possível encontrar modelos de trabalho alternativos ao modelo tradicional. Conciliar os benefícios do trabalho remoto, em aspetos tão importantes como o equilibro da vida pessoal-profissional, a flexibilidade na gestão do dia-a-dia, a melhoria da eficiência e dos níveis de produtividade individual, por exemplo, com os impactos menos positivos, no trabalho colaborativo, na nossa capacidade de inovação, na partilha de informação e comunicação dentro das equipas ou no on-boarding dos novos colaboradores.
Na atividade da Noesis o que é que destaca em termos de impactos da pandemia?
Na Noesis a adaptação das equipas ao trabalho remoto foi algo que atingimos com relativa facilidade. Esse era um modelo que já colocávamos em prática com muitos dos nossos clientes, desenvolvendo projetos de forma remota desde Portugal para diferentes pontos no mundo. Por outro lado, sendo nós uma empresa tecnológica, também todas as questões relativas a equipamento, infraestrutura informática, segurança, por exemplo, estavam perfeitamente asseguradas e não foram motivo de preocupação. As nossas equipas adaptaram-se bem a este regime e o impacto na operação foi residual.
No que respeita ao negócio, o período inicial de pandemia e confinamento teve impacto e sentimos um abrandamento, fruto do período de incerteza que todos atravessámos. Alguns projetos e negócios foram suspensos ou adiados, o que se refletiu nos resultados no primeiro semestre de 2020. Ainda assim, o sector das TI [tecnologias de informação] foi um dos que melhor resistiu à pandemia, dada a necessidade de as organizações acelerarem os seus processos de transformação digital. Ultrapassados esses primeiros meses de abrandamento, o que sentimos foi uma forte aceleração e crescimento do nosso volume de negócios no segundo semestre de 2020 e ao longo de todo o ano de 2021.
O facto de associarem consultoria e tecnologia facilitou de alguma forma a gestão desta situação?
Sim, claramente. Operamos num dos sectores de atividade que menos foi impactado negativamente pela pandemia. Antes pelo contrário, a aceleração digital a que se assistiu, com a necessidade de transformação dos negócios, adaptação às novas formas de trabalhar, entre outros aspetos, obrigaram as organizações a uma rápida evolução no tema da transformação digital, não só para garantir a continuidade da sua operação, mas também para se adaptarem às novas exigências do mercado.
Na Noesis operamos sobre o mote: «Helping your business grow faster.» Significa isto que queremos estar ao lado dos nossos clientes para os ajudar a crescer e desenvolver o seu negócio, com recurso à tecnologia. Vivemos tempos de forte aceleração digital, onde a Noesis tem desempenhado um papel relevante junto dos seus clientes.
O que mudou em termos de gestão das pessoas, nomeadamente nos formatos de trabalho? E como foi a passagem por fases como os confinamentos e depois a abertura?
Atravessámos diferentes fases e com diferentes desafios ao nível da gestão das pessoas. Se numa primeira fase o grande desafio passou por colocar todos os nossos colaboradores em segurança, nas suas casas, procurando providenciar as melhores condições possíveis e assegurar a continuidade da nossa operação, rapidamente evoluímos para uma fase onde a aposta na comunicação interna foi fundamental. Assegurar fluxos de informação permanentes com os nossos colaboradores, promover novas iniciativas e canais de comunicação com as equipas foram o foco. No fundo, o objetivo passa por promover a cultura da empresa e manter/ reforçar os laços emocionais entre os colaboradores e a organização. Esse é um dos grandes desafios que se colocam num formato de trabalho maioritariamente remoto: manter a cultura viva, manter a ligação entre a marca e os nossos talentos.
Relativamente à gestão dos vários períodos de confinamento e desconfinamento, esses foram, naturalmente, períodos de dificuldade de gestão acrescida. Desde logo pela sua imprevisibilidade, passámos por períodos onde novas medidas eram anunciadas a cada 15 dias, o que obrigava a estarmos especialmente atentos às mesmas e aos impactos dessas medidas na operação e nas nossas pessoas. Atualmente, é relativamente consensual que evoluiremos para modelos de trabalho híbridos e o desafio atual é o de procurar encontrar o modelo mais equilibrado e que melhor serve os interesses e expectativas dos nossos talentos, mas também da organização e dos seus stakeholders.
Acha que já se pode perspetivar um futuro estável em termos dos modelos de trabalho a seguir pela Noesis?
Acredito que o futuro será necessariamente híbrido e flexível, no entanto, creio que ainda é prematuro perspetivar um futuro estável ou um modelo definitivo. Assistimos no mercado a vários movimentos, desde empresas que tomaram determinadas posições e, entretanto, já reviram a sua política, outras que se afirmaram 100% remote e fecharam escritórios, outras ainda que estão neste momento a, entre aspas, convocar de volta os seus colaboradores, para modelos preferencialmente presenciais.
Assim, diria que os modelos de trabalho terão que ser flexíveis e adaptáveis às diferentes situações. Mesmo na Noesis, sendo uma organização com quase 1.000 colaboradores, presente em seis países com escritórios e colaboradores locais, com nove áreas de negócio e com formas de trabalhar distintas, parece-nos óbvio que o one size does not fit all. Os novos modelos de trabalho terão que ser adaptáveis à especificidade de cada equipa e funcionar para colaboradores e para a organização.
Como olha para o futuro do trabalho, falando em termos gerais?
O futuro do trabalho será, seguramente, diferente do que era em 2019. A pandemia provou que é possível explorar novos modelos e ajudou a quebrar alguns mitos relacionados com o trabalho remoto. Esta experiência, até pela forma abrupta como ocorreu, veio também expor outro tipo de problemas e dificuldades associadas a esse mesmo trabalho remoto. Parece-me claro que um modelo 100% remoto, na maioria dos negócios e organizações, não será o modelo mais virtuoso, da mesma forma que o modelo presencial pré-pandemia também não será o modelo mais adequado para muitas organizações e negócios. Encontrar esse equilíbrio, será o segredo.
Este contexto é também uma oportunidade para repensar os próprios espaços de trabalho e os escritórios. Será que ainda faz sentido ter grandes open spaces com centenas de postos de trabalho formatados para o modelo tradicional? Ou deverão os próprios espaços ser reconvertidos para promover o que de melhor tem o trabalho presencial – colaboração e network? No fundo, assumindo um modelo de trabalho híbrido, onde os colaboradores trabalham em casa, no escritório ou em qualquer outro lugar, torna-se necessário criar motivos, entre aspas, para que os colaboradores se desloquem ao escritório. O escritório tem que ser potenciado para acrescentar valor nas tarefas diferenciadoras face ao trabalho em casa. Por exemplo, ter mais espaços de reunião e menos postos fixos de trabalho, ter espaços colaborativos, ter espaços informais para conversas e discussões breves, estar dotado de equipamentos que permitam que qualquer equipa se junte rapidamente e possa discutir um tema do seu projeto, para além de toda a componente social, com espaços que o permitam fomentar, para manter uma cultura viva na organização.
De que forma sintetiza a proposta de valor da Noesis?
«Helping your business grow faster» – é esse o nosso propósito, apoiar os nossos clientes a desenvolver os seus negócios, tornando-os mais competitivos, com recurso à tecnologia e apoiando-nos nos seus processos de transformação digital.
Com que tipo de pessoas – e que pessoas procura a Noesis – contam para concretizar esta proposta de valor?
Os nossos talentos refletem a nossa proposta de valor. Procuram projetos inovadores, experiências internacionais e querem ser permanentemente desafiados, para crescer pessoal e profissionalmente.
Com diferentes áreas de negócio, contamos com uma diversidade de perfis que se complementam, que partilham conhecimento e experiências. As diferentes visões permitem criar sinergias e um ambiente colaborativo para todos os intervenientes e para o enriquecimento e crescimento da organização.
Falando da cultura da empresa, que ideias pode partilhar sobre ela?
A Noesis aposta numa cultura orientada para as pessoas, promovendo a proximidade, e fomentando o conhecimento e o desenvolvimento das suas competências únicas.
Com a pandemia, sentimos que era necessário reforçar a proximidade com os colaboradores. A distância obrigou-nos a ser criativos e, desde o início desta nova realidade, que temos vindo a desenvolver um conjunto de estratégias para fortalecer a ligação dos nossos talentos com a organização, assegurar o acompanhamento contínuo com o apoio das chefias e promover a segurança no teletrabalho. Têm sido pontos fulcrais nas nossas comunicações e interações com os colaboradores.
Criámos um espaço para fóruns on-line, onde os colaboradores têm a possibilidade de discutir temas de várias áreas, desde gestão de equipas, como gerir teletrabalho e vida pessoal. Contamos com uma estrutura de formação eficiente, conjugando a aprendizagem on-the-job e academias internas de formação, as Noesis Academy, em que o conhecimento é partilhado entre talentos, com meios online e desenvolvimento autónomo.
Lançámos este ano a iniciativa Come ON Board, onde o nosso Board partilha as principais novidades da Noesis. Durante esta iniciativa, celebramos em conjunto as conquistas alcançadas, mas há também espaço para que os nossos talentos coloquem as suas questões. Acreditamos que o feedback e as perguntas dos colaboradores são fundamentais para continuarmos a promover uma cultura de transparência.
Recentemente e, adotando todas as medidas necessárias de segurança, realizámos eventos presenciais, em Lisboa, Coimbra e Porto, onde os nossos colaboradores puderam conviver e partilhar experiências em ambiente de festa.
O objetivo é claro: manter a cultura que vivemos na Noesis e fomentar o contacto entre colaboradores de equipas distintas.
O que está na base da vossa cultura? E como é que ela tem evoluído?
Queremos ser uma referência de excelência e inovação no setor das tecnologias, desenvolvendo soluções diferenciadoras, com impacto na sociedade. No entanto, acreditamos que o nosso sucesso resulta do bem-estar dos nossos talentos e, por isso, temos também como filosofia construir um ambiente de confiança onde se sintam realizados, integrados e ativos na cultura Noesis. Valorizamos, cada vez mais, uma força de trabalho diversificada e inclusiva.
As nossas iniciativas visam dar voz aos nossos talentos porque acreditamos que não há ninguém melhor do que eles para nos ajudar a promover a nossa cultura e o ambiente que se vive na organização.
Para avaliarmos da melhor forma se estamos no bom caminho, contamos com várias ferramentas que nos permitem auscultar, regularmente, o feedback e preocupações dos nossos colaboradores e adequar as nossas ações para que a nossa cultura também evolua de acordo com as suas necessidades.
Gostávamos ainda de perguntar-lhe como veem na Noesis as questões ligadas à sustentabilidade, à responsabilidade social e à inovação…
A responsabilidade social é parte integrante da cultura e da estratégia da Noesis, uma vez que gera valor para toda a comunidade: os nossos talentos, parceiros, clientes, fornecedores, stakeholders e sociedade.
Um dos pilares da Noesis é a criação de oportunidades de emprego sustentável e de relações duradouras, que se traduza em baixos níveis de rotatividade.
Temos uma constante preocupação com a investigação e sustentabilidade. O escritório em Coimbra está no Instituto Pedro Nunes, dinamizando a atividade incubadora de base tecnológica do IPN. Apoiamos iniciativas que aproximam a organização do meio académico, como o Pitch Bootcamp, o Job Pitch Challenge, a TEDxULisboa, ou Hackathons, maratonas tecnológicas, que fomentam a criação de soluções com impacto social. Organizamos regularmente meetups e open days de forma a partilhar conhecimento e experiência com os estudantes.
Participamos em iniciativas que contribuem para a maior diversidade de género em cursos STEM, organizadas por associações como a Girls in Tech e a Portuguese Women in Tech e criámos iniciativas como o Girls’ Tech Day com a participação das nossas colaboradoras que partilham o seu conhecimento e experiência com as estudantes. Participamos ainda em iniciativas que promovem a empregabilidade e mobilidade e celebramos o Pride Month, contribuindo para uma maior inclusão e sensibilização da sociedade para este tema. Aderimos ainda à Carta Portuguesa para a Diversidade. Acreditamos que, uma empresa com maior diversidade e inclusão garante maior produtividade e um melhor workplace.
Participamos regularmente em ações de solidariedade social. Sempre que possível, doamos equipamento informático e material de escritório e participamos em ações de angariação de fundos, de bens e alimentos para diversas causas. Divulgamos junto de todos os nossos talentos, iniciativas de cariz social para que estes possam ter um papel mais ativo na comunidade e promovemos a sua participação. Muitas vezes, a iniciativa parte dos próprios colaboradores e cabe-nos apoiar e divulgar interna e externamente, fomentando uma onda de solidariedade.